quinta-feira, 10 de abril de 2014

A meta

Há pouco mais de um ano, a vida me chacoalhou. E, aos trancos e barrancos, com meu coração e minha alma em frangalhos, eu assumi o compromisso de crescer.

Pode soar estranho uma adulta de 29 anos assumir esta espécie de compromisso. Mas o fato é que eu me olhava externa e internamente e me via como uma adolescente... 17, 18, no máximo 19 anos. E não pela vivacidade e pela plena capacidade de passar 20 horas acordada produtiva e raciocinando mesmo depois de ter virado a noite tomando vinho barato com amigos (saudade desse pique todo!).  E sim pela insegurança, pela fragilidade, pelo medo do passo a frente. Me julgava imatura para grandes decisões. Despreparada. E permanecia estacionada. Às vezes com vontade de sentar em posição fetal e chorar – e algumas muitas vezes eu fiz isso, sempre escondida do mundo, pois queria me mostrar como pessoa forte e ciente de meus desejos e objetivos, sempre agindo para materializa-los.

Naquele momento de mudança da minha vida, eu poderia esbravejar e culpar o universo, o mundo e todo mundo a minha volta pelos solavancos enfrentados. Esse seria o meu padrão. Me vitimizar, me lamuriar, enquanto me estapeava com o destino pra tentar construir um futuro.

Mas de repente eu percebi que não sabia o que queria. Estava correndo – ou tentando correr – sem saber qual a direção exata. E estava cansada demais.

Fato é que muitas dessas definições de sentimentos e sensações eu só consigo construir hoje – e esta construção pode não ser a final, alterando-se em dias, talvez em horas... Naquela oportunidade, eu estava tão abalada e tão bloqueada aos meus próprios sentimentos que não seria capaz de expor as coisas desta forma.

Um dos processos essenciais para materializar o desafio assumido foi começar a fazer analise. Processo este que ainda não se encerrou, mas já fez uma diferença tão grande em mim. A análise me mudou? Não exatamente. Talvez em alguns pontos, mas se mudanças houve foi por minha própria vontade.
O lance foi mais intenso no que diz respeito a se ver de verdade. Acho que pela primeira vez na vida eu tenho buscado me ver por meus olhos, e não pelos olhos dos outros. E isso é complicado. Às vezes dolorido. Mas essencial.

Meu maior pecado neste ultimo ano foi não registrar tantas ideias, sentimentos, pensamentos, ojerizas, angustias, alegrias, prazeres, descobertas... e tantos outros itens que rondaram minha mente nesse período. Talvez registrar me ajudasse a processar, a materializar, a compor aquele elemento na minha vida.  
Já que não adianta chorar o leite derramado, começo a registrar isso agora. Talvez a iniciativa surja somente neste momento por só agora eu conseguir expressar e organizar ideias... ou por estar me sentindo mais fortalecida pra fazer isso.

Só sei que recentemente, pela primeira vez eu me olhei no espelho pela manhã e me vi mulher. Ou seja – dona da minha vida. Estranhamente, isso não se traduz em peso, mas sim em leveza. É como se eu pudesse caminhar por mim e para mim, sem carregar um grupo de pessoas acorrentadas ao meu tornozelo.
Medos ainda existem, mas estão diferentes. Não temo mais desagradar alguém (tá, às vezes sim, ainda....). Mas temo não existir. E por isso tenho como meta imediata de vida estar inteira em tudo que faço, presente naquele momento em minha plenitude. Parece simples, não? POIS É UM DOS OBJETIVOS MAIS DIFÍCEIS QUE JÁ ASSUMI NA VIDA.

Mas não vou desistir.